quarta-feira, 1 de junho de 2016

Para que diário?



" Se não quer ser esquecido quando morrer, deve escrever algo que valha a pena ler ou fazer alguma coisa sobre a qual vale a pena escrever."






Benjamin Franklin








Costumo colocar as citações no final, mas essa não é uma conclusão, é o início de uma reflexão.
Acho que não fiz algo que valha a pena escrever. Foi tudo simples e corriqueiro. Nenhum ato heroico, descoberta, ação benevolente. Talvez ter estado em uma sala de aula durante dez anos tenha sido uma ação caridosa com os alunos.
Tive uma infância tranquila, adorava estudar, poucos amigos, sempre mais sozinha.
Minha adolescência foi breve, algumas festas, reuniões na casa de amigos, poucos amigos.
Fui mãe aos dezenove anos, muitas dificuldades como no início de qualquer relação, ainda mais se tratando de dois jovens inexperientes.
Depois tive outra menina, uma situação mais confortável, retornei os estudos e me graduei em 2006.
Assumi o primeiro concurso que fiz, talvez me arrependa por isso, pois não tentei outras coisas.
Enquanto atuei como professora fui dedicada e comprometida. A sala de aula é um laboratório, aprendi muito com as crianças, elas tem muitas riquezas para nos apresentar.
Então estou em licença e me questiono o que quero fazer.
Devo tentar a sala de aula de novo? Trabalho em escola? Mudo de profissão?
Independente da escolha, acho que não vou fazer alguma coisa sobre a qual vale a pena escrever.
Não tenho muitas expectativas, não vislumbro um horizonte promissor.
Acomodada? com medo? Incompreendida? Revoltada? Sinto tudo isso.
Mas sinto muito por ter acabado com meus diários que datavam desde 1984. Talvez neles pudesse achar algo interessante, que eu tivesse esquecido. Não escrevo em diário desde o ano passado. Foram 31 anos de escrita, diariamente. Não quero mais escrever o que se passa, pensar sobre isso e ainda deixar registrado. Resolvi jogar tudo fora. Acho que aos poucos, estou acabando com a minha tediosa história.

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