quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Quem é essa médica??

Gostaria de apresentar uma "médica".




Eu não gosto de falar. Prefiro ouvir e escrever.
Então preciso registrar o que aconteceu ontem durante mais uma perícia.
Passei pela Junta Médica, onde fui avaliada com olhares agressivos logo na entrada.
Esta médica nunca perguntou como me sinto, o que está acontecendo, mas ontem ela se superou.
Sentei e ela olhou minha pasta e comentou sobre os meus atestados psiquiátricos. Perguntou desde quando estava afastada e por quanto tempo eu imagino continuar. Como se existisse uma previsão.
“Trocou” o atestado, muito contrariada e falou para eu marcar uma consulta com o médico psiquiatra da cidade onde trabalho, porque ela acha que tenho condições de retornar.
Quem é ela para achar alguma coisa? Não me acompanha, não sabe de nada, mal olha para mim. Senti um poder abusivo da parte dela, senti também, humilhação.
Mas o pior foi o comentário na saída do consultório: "Eu, como médica do trabalho, já sugeri aqui no município, a inclusão de psicotécnico nos exames admissionais, para evitar esse tipo de problema". Tentei explicar, não sei porque sou tão idiota, que fui diagnosticada há cinco meses com Transtorno Bipolar e já estou há nove anos no município. Para finalizar, ela disse que os problemas já teriam aparecido no psicotécnico..
Problemas, problemas. As palavras tocam fundo. Me marcam muito. Sou um problema para o município, sou onerosa. Então, para que facilitar?? Vamos dificultar.Vamos rotular. Pacientes psiquiátricos precisam passar por avaliação individual. É tudo muito subjetivo. Tudo bem. Vou fazer a avaliação. E vou preparada para falar. Eles que estejam preparados para ouvir. Não quero ficar com vergonha, me sentir constrangida. Como sempre.
Não costumo chorar, nem quando estou deprimida. Mas ontem confesso que chorei, tive uma dor, uma vontade de voltar naquele consultório e "soltar o verbo". Estou cansada de ficar contida. As pessoas abusam.
Agora quero revelar a identidade dessa médica. Essa médica é a mesma que me atendeu quando tirei quinze dias de atestado para levar a minha mãe para fazer sessões de radioterapia, em 2011.
Essa médica é a mesma que me atendeu quando levei meu primeiro atestado de depressão, que foi logo após o falecimento da minha mãe.
Essa médica é a pessoa que fez um dos comentários mais dolorosos que já ouvi na vida. "Como você ficou depressiva se sua mãe estava com câncer. Não sabia que ela ia morrer?"
Eu a chamo de médica porque concluiu o curso de Medicina. Mas tenho certeza que alguns colegas devem se envergonhar de uma profissional assim. E como paciente, estou nas mãos dela.

Essa médica também perdeu a mãe recentemente. Ainda bem que ela se "controlou" para não ficar depressiva. Ou melhor, pessoas assim tem coração de pedra.

2 comentários:

  1. Pq não falam para o hipertenso "se controlar" para a pressão não subir? Ou o diabético "se controlar" para a glicose ficar dentro dos níveis esperados? Ou o esquizofrênico "se controlar"???
    Esta médica comprou o atestado dela? Não sabe que depressão é diferente de estado depressivo? Pasma...

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  2. Lamentável que ainda vou ter que ir nessa "médica". Só de pensar já fico estressada. Me controlo para não dizer o que penso.

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